quarta-feira, 10 de abril de 2019

I feel





E desde quando você resolveu partir, eu ainda me pego olhando todos os detalhes e dilemas que deixou aqui comigo. Na minha casa tem muito de você. O seu cheiro ficou por semanas no meu travesseiro, foi difícil ter coragem pra lavar. No meu corpo tem centenas das suas digitais espalhadas. 

O meu perfume, o qual você tanto gostava e elogiava, eu fiz questão de trocar. O meu banheiro nunca mais teve aquele sabonete de macadâmia que você adorava o cheiro. As músicas que ouvimos em tantos momentos juntos, hoje me sufocam. 

As suas manias, o seu jeito de falar e o jeito que você sorri ainda estão gravados na minha memória. De vez em quando te procuro no meio da noite na minha cama, na tentativa do abraço que só você tem. Sinto saudade da vista da sua janela, dos momentos que ficamos ali conversando, rindo e vendo o pôr do Sol. 

Sinto falta da rotina que tínhamos, da nossa conexão e dos planos que não concluímos. Sinto falta da nossa intensidade, dos nossos olhares e de como o mundo ficava em silêncio quando estávamos juntos. Nada mais importava naquele instante, só eu e você, e mais ninguém. Eu sinto tanto, eu sinto demais. Eu realmente sinto.

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Odayá, minha mãe!



Ela apareceu sorrateiramente, surgiu inesperadamente e tentou me mostrar algo. Fragmentos são o que me lembro até o momento, mas não pude deixar passar em branco. 

Me mostrou a fúria que suas águas estavam, me arrastou para sua morada e me deixou submersa por alguns instantes. Tentou me ensinar, que mesmo com a correnteza me puxando, eu conseguiria voltar ao topo. Nem toda água turbulenta será sinal de caos eternamente. 

Sufoco, aflição e você me observava. Parecia tentar me dizer algo, mas preferiu o silêncio e o olhar. Moça séria, com um olhar intimador. Era linda e exalava um perfume de flores. 

Você que me acompanha desde pequena, e sabe da minha admiração por sua figura resolveu aparecer, me encarar e tentar transmitir que nem tudo está perdido.

Acho que entendi seu recado. Estou te devendo uma visita, com direito a lírios e a um pedido de proteção. Abre o caminho, que em breve eu vou passar para te saudar.


Odoyá.




terça-feira, 19 de julho de 2016

Laura e seus devaneios


Laura era extremamente sensível, mas tinha pose de durona. Laura era sonhadora, mas com o passar dos anos fixou seus pés no chão. Laura colecionava decepções e algumas mágoas; acabou envelhecendo internamente e externamente. Laura amava muito, mas aprendeu a guardar tudo para si. 

Laura buscava soluções, mas acabava sempre se perdendo mais. Laura tinha milhares de sonhos, mas parece que guardou grande parte deles em uma gaveta. Laura já foi otimista, acredite. Laura odeia despedidas, por isso evita ao máximo se envolver. 

Laura já confiou muito, hoje não mais. Laura já chegou no fundo do poço milhares de vezes, mas nem sempre sabia se iria conseguir voltar. Laura sabe que precisa mudar, e já mudou muitas coisas, mas ainda há um longo caminho pela frente. 

Laura, se você quer um conselho, mude por si mesma e não por ninguém. Tenha sempre fé e volte a ser a menina repleta de esperança e vontade de viver. Tenha de volta o brilho nesses olhos castanhos. Não desista de tentar, não desista de você. Apenas não desista.


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

2015, pode chegar



Retrospectiva: confesso que cada vez que leio ou escuto essa palavra, me dá um certo aperto no peito. Aperto pelo ano ter passado voando mais uma vez, e talvez por não ter conseguido metade do que planejei no ano anterior.

2014 foi um dos anos mais complicados que vivi, mas em compensação, também o ano que mais aprendi, seja na marra ou por bem. Se eu tivesse que escolher somente duas palavras pra definir meu ano, elas seriam: maturidade e aprendizado com o próximo.

Nunca aprendi e me esforcei tanto em aprender com as pessoas ao meu redor. Algumas vezes aprendi na marra mesmo, pela dor, o que tornou a caminhada mais difícil e intensa. Mas felizmente consegui e continuo aprendendo nesses últimos dias do ano.

Deixei tanta coisa de lado nesse ano, e muitas delas eu julgava que nunca iria conseguir deixar, mas eu consegui! Me libertei de erros, traumas, pessoas e abri espaço para o ano, e posso garantir que foi a melhor decisão que tive em 22 anos de vida.

Consegui amadurecer e MUITO em apenas um ano. Me moldei e modifiquei tudo aquilo que já não me agradava mais, e não só por pessoas que estavam ao meu lado, mas por mim também. Não existe nada pior que você mesma detestar certos defeitos que tem.

É 2014, obrigada pelo aprendizado, mesmo sendo um ano extremamente difícil - ainda mais nos últimos 4 meses. Obrigada por ter colocado pessoas extraordinárias no meu caminho, e muitas delas serem a razão por essa mudança.

2015, pode chegar. Teremos muito trabalho, mas vamos concretizar tudo o que desejamos e planejamos.


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

02h59




02h59: horário exato que inicio minha tentativa de um texto. Escrevo, apago, reescrevo e apago novamente. Faz um certo tempo que não me dou o prazer de escrever. Prazer ou necessidade? Eis a minha eterna dúvida. Ou seriam as duas coisas? Pois bem, nem eu sei explicar.

Ultimamente ando acumulando tanta coisa, tantos sentimentos, que na hora de vomitar isso no papel eu acabo me engasgando. Me sufoca tentar berrar isso tudo que sinto e não conseguir. 

Me sinto no meio de um tornado de emoções, mas nunca consigo sair, me livrar. É tudo tão intenso, tudo tão à flor da pele - da minha pele- que acabo delirando na minha própria confusão mental.

Deliro nas minhas fantasias, nas minhas crises existenciais, simplesmente deliro. Esqueço quem eu sou e me transformo em outra -outra pessoa que detesto ser. Mas espera, são 03h10, preciso tentar dormir e tentar recomeçar amanhã cedo... mais uma vez.